sexta-feira, 9 de março de 2012

A regra dos 10 minutos

Existe uma espécie de dito popular entre projetistas de interação (profissionais dedicados a projetar/elaborar formas de interação entre a interface do sistema e o usuário) que diz o seguinte: 



"Para saber se um sistema é fácil de entender, o usuário inexperiente deve conseguir utilizá-lo em menos de 10 minutos." 


Fiz um pequeno e relativo esforço no intuito de tentar atribuir a autoria desta ideia, contudo, ao me deparar com as primeiras contradições desisti da busca e, decidi focar o rumo deste quase "bate-papo" unilateral tão somente no conteúdo da frase citada acima.

Direto ao ponto:
  • EFICÁCIA
  • EFICIÊNCIA
  • SEGURANÇA
  • UTILIDADE
  • LEARNABILITY (facilidade de aprender)
  • MEMORABILITY (facilidade de lembrar como se usa)
Estes 6 itens listados acima tratam-se das principais metas da usabilidade. Já falamos um pouco sobre o tema USABILIDADE aqui neste blog, mas nunca é demais relembrar as suas principais metas, até para que possamos embasar melhor a discussão.

Pois bem, salvo exceções de sistemas que são por natureza bastante complexos, senão todas, pelo menos a maioria das metas da usabilidade devem ser alcançadas em 10 minutos de uso/interação entre um usuário e uma interface qualquer.

Partindo do princípio que a interface é apenas meio e não o fim, torna-se inaceitável que um usuário necessite perder mais tempo aprendendo a utilizar a ferramenta (EX: catálogo online) do que experimentando o resultado da mesma. Eventualmente poderemos não alcançar todas as metas imediatamente, até porque a medida de tempo é apenas metafórica, porém é muito importante manter a vigilância quanto aos excessos de passos e procedimentos planejados, seja para a requisição de uma simples busca no catálogo ou mesmo a renderização de uma animação em 3D.

AUTONOMIA

Na opinião deste que voz escreve, a palavra-chave ainda é a boa e velha autonomia!

Me acompanhe no raciocínio: Ao projetar um serviço, independentemente do tipo de público, tenho que ter presente a ideia de que não estarei ao lado do usuário o tempo todo para orientá-lo, portanto o mesmo deverá ser capaz de utilizar o serviço sozinho... Um pouco mais de paciência e vamos concluir!

Então, para que o plano de uso da ferramenta funcione, obrigatoriamente deve-se alcançar de forma rápida e simples as metas universais de usabilidade.

Sendo curto e grosso! Se precisar de muita explicação, provavelmente ta muito complicado de usar e, se o usuário não usar direito o objetivo não será alcançado e tudo foi por água abaixo.

SIMPLICIDADE. Esta seria a sétima meta de usabilidade que eu seguramente incluiria empiricamente a esta lista.

terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

Centralização de fontes de informação: tendência ou ganância?


Indo direto ao ponto podemos afirmar que a resposta para a indagação do título deste post é as duas coisas.

Mas é preciso refletir... Procuro manter o hábito de manter o discurso em tom de conversa com o leitor, portanto, fique atento(a) aos argumentos expostos abaixo e sinta-se à vontade para providenciar uma possível réplica nos comentários, que são totalmente livres.

Cabe aqui uma resalva de que o BLOG PRÓ-INFORMAÇÃO, como o próprio nome sugere, é a favor apenas da informação, deixando de lado questões de preferência de mercado ou mesmo ideológicas. Obviamente, como todo ser humano, este que vos escreve sofre influências e isto se reflete no texto, mas este por si só já seria outro assunto.

Dito isto, por simples análise empírica, fica fácil identificar uma tendência geral à centralização de fontes de informação na última década. O que antes do advento da rede mundial de computadores parecia um sonho utópico, hoje parece um objetivo traçado por grandes corporações do ramo.

No meu tempo de faculdade, e não faz tanto tempo assim, parecia que a montagem de um catálogo coletivo era algo muito complexo e seria o suprassumo a ser apresentado como fonte de informação a um pesquisador - vide o CCN (http://ccn.ibict.br/busca.jsf), que até os dias atuais funciona como uma grande "mão na roda" para muita gente. Louvável iniciativa! Brilhante em sua época!

Estas e outras iniciativas, mostraram que centralizar informações em um local seria uma coisa boa... Estava criada a TENDÊNCIA, que surge recheada de esforços (EX: OAI) que nos alavancaram a um patamar muito diferente do inicial. Centralizar não é mais um esforço hercúleo, dispensando inclusive a velha rotina de formatação e envio de registros que por oras apresentava obstáculos, passando a adotar um modelo de harvesting (coleta de dados) automático que propicia uma interoperabilidade magnífica entre bancos de dados.

Pois bem, esta semana li uma matéria sobre as pretensões do FACEBOOK em se tornar a própria internet (achamos a GANÂNCIA). Parece até um exagero, mas, em suma, é o que pretende a empresa de Zuckerberg ao investir todas suas fichas no esforço te formatar uma interface para sua rede social, que congregue todas as necessidades do usuário. Vale lembrar que o Google já tentou investir em algo parecido em 2009 com o GOOGLE WAVE, mas não deu muito certo.


Teve a sensação de que mudamos de assunto? Pois não! Ainda estamos falando da mesmíssima coisa.

Sei bem a diferença entre uma search direcionada a investigação científica e outra com fins recreativos. Acompanhem meu raciocínio:

Levando-se em conta a evolução do catálogos e demais recursos informacionais, quanto tempo você acha que falta para encontrar uma APP de sua biblioteca em redes sociais?



Nem preciso mencionar versão móvel de serviços online. Este me parece um assunto mais do que comum.

Sem a menor intenção de criar um tom revelador e muito menos profético neste texto, me arrisco a prever que nos próximos 5 anos irão surgir mini-aplicativos que poderão ser gratuitos ou pagos e, que viabilizarão a busca por artigos científicos direto no seu celular, ao mesmo tempo em que posta uma mensagem no twitter para compartilhar os resultados da busca.

É uma tendência sim e não temos como fugir disso. Precisamos nos adaptar e criar novos serviços.

As novas gerações de usuários que já nasceram conectadas à web já estão chegando às nossas unidades de informação, trazendo um caminhão de novas demandas e, sobretudo, eles possuem um comportamento de busca diferente daquele que praticávamos. Nem tente se iludir achando que conseguirá doutrinar a todos, obviamente, mais cedo ou mais tarde, os serviços seguirão a tendência criada por eles.

Não pretendo entrar no mérito da intenção da empresa X ou Y ao agregar recursos informacionais da internet, ninguém aqui é ingênuo, afinal informação é poder.

Quem trabalha com sistemas sabe do que estou falando, com este movimento de migração para a nuvem ficará ainda mais viável a acessibilidade de recursos em um só local. Pare para pensar sobre aquele usuário mais afoito, que poderá se deter a buscas apenas nos recursos disponíveis na interface que ele está acostumado, ou seja, poderá ficar restrito a pesquisar nas bases que disponibilizam APP's para o seu celular, causando uma distorção.

É preciso que estejamos alertas a esta maré informacional, pois podemos decidir seguir um rumo planejado, ser simplesmente levados ao prazer das ondas para destino incerto ou até mesmo sermos engolidos por ela.

Tudo está conectado!

Saberemos...

quarta-feira, 18 de janeiro de 2012

A INTERNET versus REGULAÇÃO

Após prazerosas e merecidas férias, cá estamos aqui de volta ao nosso espaço de discussão, mantendo a linha de abordagem a temas relevantes à área de Ciência da Informação. Não que eu não sinta falta da conectividade, mas também é muito bom ficar OFF durante um tempo... Faz bem e eu recomendo! 

Sem mais delongas, começamos por um assunto que não é nenhuma novidade, mas que ganhou as manchetes dos principais jornais do mundo: 
 - A REGULAMENTAÇÃO DA INTERNET 

O leitor mais afoito já deve ter esboçado um gesto indicativo de desinteresse pelo assunto dizendo: "Afinal o que eu tenho a ver com essa discussão dos Norte Americanos?"

Pois bem... sinto informar-lhe que eu, você e todo mundo tem muito a ver com isso. Leia e reflita:


Desconsiderando países onde não vigorem sistemas de governo plenamente democráticos, no geral, vislumbramos uma rede mundial de computadores livre e em franca expansão, tanto no que tange a conectividade quanto a produção e disponibilização de conteúdos. Fato este que é muito positivo pois agiliza as comunicações, dissemina a informação, etc...

Mas como na vida nem tudo são flores, toda esta virtualização de nossas vidas ocasionada pela conectividade diária à redes sociais, e-mails, e inúmeras aplicações de atualização online via internet acabou por transpor não apenas as boas relações entre pessoas, mas também más condutas e crimes em geral.

FATO: As relações de qualquer natureza, estabelecidas via internet, são ou deveriam ser semelhantes à vida real, aplicando as mesmas regras de bom senso e coerência. Contudo, o fato de haver uma tela e um teclado entre os interlocutores parece encorajar, mesmo ao mais tímido, à tomar atitudes de contravenção.

O que está acontecendo nos EUA deve sim ser observado com atenção por todos, afinal ninguém até hoje tentou colocar cercas nesta terra que até então parecia ser de ninguém e, podem apostar que o que for decidido por lá deverá ser refletido em outros países, incluindo o Brasil.

Obviamente boa parte da discussão gerada no congresso americano decorre da pressão de lobistas que representam os interesses de gigantes do ramo da música, filmes, etc... 

Ninguém é suficientemente ingênuo para pensar diferente, no entanto, o objetivo deste post é estimular a reflexão e chamar a atenção para alguns riscos de atitudes extremas.

A internet pode ser a melhor ou a pior coisa do mundo... Pode propiciar a interconexão global entre mais de 7 bilhões de pessoas ou ser uma fonte de crimes e contravenções. Tudo depende do uso!

Sim, eu acredito que devam ser criadas leis regulatórias e punitivas a infratores, mas NÃO gostaria de tornar a rede mundial algo parecido com uma repartição pública monitorada e cheia de regras que a engessam.

Fica aberto o espaço para a discussão...

sexta-feira, 11 de novembro de 2011

Dia Mundial da Usabilidade


Ontem foi celebrado o DIA DA USABILIDADE através de diversos eventos pelo mundo. Pois bem, em Porto Alegre não foi diferente e, os colaboradores deste blog, incluindo este que voz escreve, se fez presente na FNAC do Barra Shopping onde foram realizados 5 debates:


Debate 1: Agilidade e UX
- Leonardo Otero, Líder de Arquitetura de Informação do Terra Networks
- Alexandra Salines, Gerente de Projetos da AG2 Publicis Modem
- Maximiliano Lannes (Mediador), Product Owner no Grupo RBS

Debate 2: O que faz seu Arquiteto de Informação?
- Guilherme Dienstmann, Consultor de User Experience e User Experience Partner da AG2 Publicis Modem
- Fabiano Nadler, Coordenador de Arquitetura de Informação do GAD’Brívia
- Luciana Cattony (Mediadora), Gerente do Núcleo de Arquitetura de Informação da W3haus

Debate 3: Evangelização de clientes
- Cristiene Bartis, User Experience Manager da AG2 Publicis Modem
- Luciana Cattony, Gerente do Núcleo de Arquitetura de Informação da W3haus
- Willian Zanette (Mediador), Creative Technologist da AG2 Publicis Modem

Debate 4: Pesquisa, o que há de novo?
- Alisson Douglas, Arquiteto de Informação da HP R&D
- Cássia Colling, Gerente de Pesquisa da RED
- Marcos Nähr (Mediador), Online Development Manager da Dell

Debate 5: Novas interfaces e novos desafios
- Willian Zanette, Creative Technologist da AG2 Publicis Modem
- Marcos Nähr, Online Development Manager da Dell
- Daniel Bohn (Mediador), da RED

Os debates ocorreram em tom bastante informal, o que é bem peculiar da área... Quem não foi perdeu um evento bacana, formatado para abranger diversos profissionais interessados nos temas USABILIDADE e ARQUITETURA DA INFORMAÇÃO.

Na verdade não existe (na opinião dos debatedores) uma formação específica indicada para o indivíduo que deseja ser Arquiteto da Informação, ontem foram citados diferentes profissões que poderiam adentrar na área, tai como psicologia, informática, publicidade, relações públicas, etc... enfim, como sempre, nem se mencionou a palavra bibliotecário.

Poderia finalizar este texto com o velho discurso de que o profissional bibliotecário não recebe o devido reconhecimento e BLÁ, BLÁ, BLÁ... Contudo, após uma noite de sono e algumas reflexões, descobri que a CULPA É TODA MINHA por a minha profissão (bibliotecário) não ser incluída no rol daquelas que reúnem competências para formar um profissional SÊNIOR (sim, o Arquiteto de Informação é uma figura importante dentro de qualquer projeto) capaz de decodificar as necessidades dos usuários, organizar e indexar informações.

Pensem comigo, afinal eu participei do referido evento apenas como ouvinte e, não exerci outro tipo de papel porque simplesmente não fiz nada para mudar esta condição, afinal o grupo de debatedores ali reunidos informalmente, eram nada mais do que profissionais que trabalham na área discutindo temas e dificuldades em comum a todos presentes.

Fiquei sentado, quase duas horas ouvindo sobre a importância de se descobrir as necessidades do usuário, sobre a dificuldades apresentadas pela taxonomia aplicada a web, como fazer o meio de campo entre: Deparamento Administrativo X Necessidades do Usuário X Codificadores (Programadores ou pessoal da TI).

Cheguei mudo ao evento e saí calado! Portanto a culpa é minha!

Precisamos aprender a pensar fora da caixa! Que frase batida! Mas é verdade, ontem não vi nenhum outro bibliotecário além de mim e a Sabrina assistindo o evento.

Um insight com uma luz no fim do túnel surgiu entre os bibliotecários deste BLOG! Aguardem, virão novidades por aí!




terça-feira, 1 de novembro de 2011

Livro digital OU E-Book?

Começo este post com a confissão de que absolutamente não se trata do tema inicial pretendido ao qual reescrevi uma meia dúzia de vezes este mesmo texto, contudo, não foge tão ao longe, pois cumpre a tarefa de deixar entrelinhas o suficiente para provocar alguma reflexão.

Como foi referido no parágrafo acima, a intenção inicial era criar um post contendo comentários e algumas impressões sobre o Congresso Brasileiro da Leitura Digital, ocorrido no último sábado (29/10/2011) na PUCRS, no entanto, a medida que fui adiando a confecção destas linhas, as idéias absorvidas durante as palestras foram se decantando, outras discussões foram criadas entre os participantes e, como produto final surgiram algumas constatações que irei compartilhar abaixo.

Acabei por participar apenas das palestras ocorridas no período da manhã, onde pareceu claro que todos traziam acoplados a seus discursos o fato de que o modo como lemos mudou e está mudando, porque os hábitos da humanidade estão em constante mutação, provocando diferentes implicações e a leitura não ficaria de fora... Isto é fato! O que me parece discutível é como iremos lidar com as mudanças e para onde queremos que elas nos levem.

Me chamaram atenção as falas do Professor de História da UFRGS Francisco Marshall e a do Presidente da Fundação Biblioteca Nacional, sendo que o primeiro discorreu brevemente sobre o homem pós-vitruviano e as novas relações que o mesmo estabeleceu com seu corpo e o espaço para transformar-se em homem digital, e o segundo tratou de políticas públicas de leitura. Sem adentrarmos em terreno acadêmico de análise, fica fácil traçarmos praticamente uma linha de causa e consequência entre as duas falas, onde um expõe as alterações ocorridas no comportamento do homem e o segundo trata de uma das consequências destas mudanças.

Enfim, sem alongar demais o texto em um blog e indo direto ao que me parece essencial ser discutido, fica a impressão de que os hábitos de leitura estão mudando em decorrência das novas tecnologias e as facilidades propiciadas pela mesma e, como as coisas estão mudando, é natural que surjam temores e posicionamentos diversos em relação ao movimento produzido. As novas tecnologias chegaram para ficar e não há como retroagir deste ponto, contudo, nem tudo será sobreposto ou mesmo extinto, dito isto podemos afastar a temeridade pelo desaparecimento do livro como conhecemos hoje. Não é possível inferir prazo de validade a qualquer tipo de tecnologia, muito menos trabalhar a futurologia formulando previsões de possíveis cenários para o dia de amanhã, aliás seja cauteloso com autores que costumam definir de forma inflexível o futuro, afinal nem Nostradamus, nem Bill Gates acertaram tudo o que disseram em suas previsões sobre o futuro.

Minha percepção à qual é compartilhada pelas minhas colegas colaboradoras do blog, é que o conceito de e-book não está muito claro. Afinal um e-book é simplesmente a replicação digital de um livro que já existe em formato analógico OU seria um produto diferente que oferece recursos diferenciados aos que se interessarem pela hiperligação complementar de informações?

Cabe aqui um ajustamento de termos, afinal estou bastante inclinado a sedimentar a idéia de que o livro e o e-book são produtos diferenciados, porém não diferentes. Me explico: Apesar dos dois produtos tratarem em sua essência basicamente do mesmo assunto, cada um irá propiciar um "experiência" diferente do outro, sendo que o leitor do livro seguirá apreciando a leitura linear e o singular prazer de trocar páginas e, aquele que optar pelo e-book receberá as mesmas informações empacotadas de outra forma, sendo revestidas de interatividade e uma dinâmica de leitura que pode levar a um terceiro assunto totalmente diferente do inicial. Por tudo isso, não acho justo chamar de e-book um livro que simplesmente foi digitalizado e disponibilizado na rede... De fato isto é o que mais me incomoda nessa discussão toda e, que me faz pensar que neste caso deveríamos chamar o produto referido de LIVRO DIGITAL, afinal trata-se de um livro que se encontra em outra plataforma diferente do papel, porém resguarda todas as características iniciais e lineares de sua leitura.

Proponho que Livro Digital e E-Book não sejam mais tidos como sinônimos ou mesmo tradução, mas sim como produtos diferentes, para que possamos pensar com mais clareza daqui para frente sobre este tema que permeia o nosso dia-a-dia.

Fiquem a vontade para descordar!

Peço licença ao Galeno, para replicar o trecho de seu discurso em que compara a relação livro X e-book com a relação teatro X cinema, pois em ambos os casos, quando surgiu o segundo elemento muitos alardearam que o primeiro iria acabar, mas o tempo acabou por mostrar que os dois se tornariam coisas diferentes, proporcionando experiências diferenciadas.

quarta-feira, 24 de agosto de 2011

“O futuro do livro é a colaboração virtual”

Em tempos de Jornada de Literatura vale a pena voltar assunto do Futuro do Livro. Resolvi então, transcrever uma reportagem do Jornal Zero Hora, que traz a opinião de Nick Montford sobre o assunto.

Segue a reportagem:


Novas formas de leitura associadas à tecnologia e à colaboração virtual vão redesenhar a produção literária. É o que aposta o escritor e doutor em Ciência da Computação e Informação Nick Montfort. Para ele, os livros impressos não vão acabar, mas serão transformados pela interatividade.


Pela primeira vez na América do Sul, o norte-americano afirma que as novas conexões permitem desenvolver mais a imaginação dos leitores.

– Ler é explorar ideias e, mais do que nunca, agora a leitura está nos conectando a essas ideias – diz.

Montfort prevê um leitor cada vez mais fascinado por tecnologias ante o acesso a plataformas variadas de absorção da informação. Mas ressalta que as diferenças entre o que está impresso e online tendem a se acentuar:

– O livro de papel é uma boa tecnologia, mas a plataforma online tem diferenciais irresistíveis.
O escritor crê que o atual cenário de mídias colaborativas, tão presente nos jornais online, conduz a bons experimentos de escrita compartilhada. Por outro lado, observa a necessidade de haver um projeto delineado para manter a credibilidade do conteúdo e, principalmente, o foco na produção.
– Quem sabe os participantes da Jornada não possam escrever um livro compartilhado no futuro – desafia.

A 14ª Jornada de Passo Fundo o impressionou, principalmente pela intensa participação das crianças. Otimista, Montfort vê como positivo o desafio de conciliar gerações diferentes diante das novas plataformas de leitura. Para ele, o momento é de transição, o que exige muito especialmente dos professores.
– O mais importante, hoje, é criar um ambiente de aprendizado que se adapte à multiplicidade da interação.


Fonte: Zero Hora

segunda-feira, 15 de agosto de 2011

A expansão dos Formatos Abertos

Na última quinta-feira, 11 de agosto, o Jornal da Ciência divulgou a notícia de que a UNESP havia aderido ao Protocolo de Brasília, tornando-se assim a primeira Universidade a aderir ao documento que trata sobre a utilização do ODF (Open Document Format).

Ao divulgar a notícia referida acima no TWITTER (http://twitter.com/joaohanna), logo recebi perguntas sobre o formato ODF, qual a real importância da adesão ou não das instituições ao dito protocolo e outros questionamentos acerca do assunto... Enfim, para que tudo fique mais claro, seguem algumas considerações que não caberiam em 140 caracteres e que ajudarão a você mesmo(a), de forma prática e objetiva,  a formar sua própria opinião:

1 - O 'OPEN' VEIO PARA FICAR: Se você ainda não se acostumou à menção constante da palavra OPEN ou ABERTO em quase tudo que se lê hoje em dia, trate logo de se atualizar urgentemente, visto que a utilização de padrões abertos e colaborativos já deixaram de ser um modismo para ser uma realidade, inclusive em grandes corporações como Microsoft e IBM.

2 - FORMATOS ABERTOS TEM ALGUMA COISA HAVER COM SOFTWARE LIVRE? Na verdade tem tudo haver! Tudo faz parte do mesmo movimento para promover a utilização de 'código aberto' no desenvolvimento de aplicações e/ou formatos que propiciem o intercâmbio de informações.
Este assunto é bastante extenso, e até pode ser debatido neste blog em outra ocasião, por hora, seguem alguns links para apreciação:
3 - O QUE É ODF? O nome completo é OpenDocument Format for Office Applications e, nada mais é do que uma iniciativa mundial coordenada pela OASIS (Sigla traduzida: Organização para o Avanço de Padrões em Informação Estruturada) para desenvolver formatos de armazenamento e trocas de documentos, tais como textos, planilhas, bancos de dados, etc... Não confundir com PDF, que é um formato proprietário da Adobe Systems, desenvolvido para disponibilizar documentos na web.

4 - COMO FAÇO PARA SALVAR / EDITAR UM DOCUMENTO 'ODF'? Lembre-se que ODF é o nome da iniciativa e não da extensão, ou seja, não existe uma aplicação (Não que eu tenha conhecimento ao menos) que salve documentos em *.odf. Nos casos dos editores de texto, como por exemplo o MICROSOFT WORD, a extensão de arquivo é terminada em '.odt' e, basta escolher salvar em formato de documento aberto. Desta forma, obviamente, alguns recursos de estilo e formatação que são próprios da marca, não serão preservados quando escolheres o formato aberto, visto que o mesmo não poderia ser visualizado e editado nesta condição por outros editores.

5 - QUAL A MAIOR VANTAGEM DE SE UTILIZAR UM FORMATO ABERTO? Durabilidade e Interoperabilidade! Na minha opinião estas são as duas maiores vantagens de se adotar um formato aberto na produção de documentos em qualquer tipo de instituição. Formatos proprietários são totalmente dependentes das empresas que o desenvolvem e são sujeitos a obsolência à medida em que surgem novas versões dos programas que o geram, ou mesmo podem ser extintos se a empresa desistir do projeto ou simplesmente sair do mercado. E se a tarefa incluir o intercâmbio de documentos, aí sim que surgem diversos outros problemas de incompatibilidade de leitura. 

Exemplo: Se você tiver instalado em seu computador o Pacote Office 2000, com certeza não conseguirá abrir documentos '.docx' ou, mesmo que consiga visualizar depois de instalar o plugin de compatibilidade, não será possível editar alguns recursos nativos das novas versões.

Utilizando-se de padrões abertos e cooperativos, garantimos que os documentos poderão ser acessados de forma perene, pois o formato em que foram salvos são mantidos por organizações mundiais especializadas neste tipo de padronização, bem como elimina-se a a preocupação com a formatação original do arquivo quando aberto por um terceiro.

6 - E O TAL PROTOCOLO DE BRASÍLIA? Trata-se de um documento elaborado pelo governo federal onde formaliza o compromisso de empresas privadas e instituições governamentais em adotar o formato aberto para a produção e armazenamento de documentos.

Na prática já tem muita gente utilizando o padrão aberto para armazenar seus documentos. O TJ-RS, por exemplo, disponibiliza todos o documentos relativos aos processos em extensão '.odt', podendo assim ser aberto em qualquer editor de texto.

A Advancing Open Standards for the Information Society foi fundada em 1993 por um consórcio de empresas que visavam estabelecer padrões de interoperabilidade para usuários de SGML. Na época a organização recebeu o nome de SGML OPen e, só em 1998 com a mudança do foco do trabalho para o XML e outros formatos de intercâmbio é que passa a ter o nome que é conhecida hoje: OASIS.

Mais informações sobre o assunto podem ser consultadas em:
http://www.oasis-open.org/