sexta-feira, 9 de março de 2012

A regra dos 10 minutos

Existe uma espécie de dito popular entre projetistas de interação (profissionais dedicados a projetar/elaborar formas de interação entre a interface do sistema e o usuário) que diz o seguinte: 



"Para saber se um sistema é fácil de entender, o usuário inexperiente deve conseguir utilizá-lo em menos de 10 minutos." 


Fiz um pequeno e relativo esforço no intuito de tentar atribuir a autoria desta ideia, contudo, ao me deparar com as primeiras contradições desisti da busca e, decidi focar o rumo deste quase "bate-papo" unilateral tão somente no conteúdo da frase citada acima.

Direto ao ponto:
  • EFICÁCIA
  • EFICIÊNCIA
  • SEGURANÇA
  • UTILIDADE
  • LEARNABILITY (facilidade de aprender)
  • MEMORABILITY (facilidade de lembrar como se usa)
Estes 6 itens listados acima tratam-se das principais metas da usabilidade. Já falamos um pouco sobre o tema USABILIDADE aqui neste blog, mas nunca é demais relembrar as suas principais metas, até para que possamos embasar melhor a discussão.

Pois bem, salvo exceções de sistemas que são por natureza bastante complexos, senão todas, pelo menos a maioria das metas da usabilidade devem ser alcançadas em 10 minutos de uso/interação entre um usuário e uma interface qualquer.

Partindo do princípio que a interface é apenas meio e não o fim, torna-se inaceitável que um usuário necessite perder mais tempo aprendendo a utilizar a ferramenta (EX: catálogo online) do que experimentando o resultado da mesma. Eventualmente poderemos não alcançar todas as metas imediatamente, até porque a medida de tempo é apenas metafórica, porém é muito importante manter a vigilância quanto aos excessos de passos e procedimentos planejados, seja para a requisição de uma simples busca no catálogo ou mesmo a renderização de uma animação em 3D.

AUTONOMIA

Na opinião deste que voz escreve, a palavra-chave ainda é a boa e velha autonomia!

Me acompanhe no raciocínio: Ao projetar um serviço, independentemente do tipo de público, tenho que ter presente a ideia de que não estarei ao lado do usuário o tempo todo para orientá-lo, portanto o mesmo deverá ser capaz de utilizar o serviço sozinho... Um pouco mais de paciência e vamos concluir!

Então, para que o plano de uso da ferramenta funcione, obrigatoriamente deve-se alcançar de forma rápida e simples as metas universais de usabilidade.

Sendo curto e grosso! Se precisar de muita explicação, provavelmente ta muito complicado de usar e, se o usuário não usar direito o objetivo não será alcançado e tudo foi por água abaixo.

SIMPLICIDADE. Esta seria a sétima meta de usabilidade que eu seguramente incluiria empiricamente a esta lista.

terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

Centralização de fontes de informação: tendência ou ganância?


Indo direto ao ponto podemos afirmar que a resposta para a indagação do título deste post é as duas coisas.

Mas é preciso refletir... Procuro manter o hábito de manter o discurso em tom de conversa com o leitor, portanto, fique atento(a) aos argumentos expostos abaixo e sinta-se à vontade para providenciar uma possível réplica nos comentários, que são totalmente livres.

Cabe aqui uma resalva de que o BLOG PRÓ-INFORMAÇÃO, como o próprio nome sugere, é a favor apenas da informação, deixando de lado questões de preferência de mercado ou mesmo ideológicas. Obviamente, como todo ser humano, este que vos escreve sofre influências e isto se reflete no texto, mas este por si só já seria outro assunto.

Dito isto, por simples análise empírica, fica fácil identificar uma tendência geral à centralização de fontes de informação na última década. O que antes do advento da rede mundial de computadores parecia um sonho utópico, hoje parece um objetivo traçado por grandes corporações do ramo.

No meu tempo de faculdade, e não faz tanto tempo assim, parecia que a montagem de um catálogo coletivo era algo muito complexo e seria o suprassumo a ser apresentado como fonte de informação a um pesquisador - vide o CCN (http://ccn.ibict.br/busca.jsf), que até os dias atuais funciona como uma grande "mão na roda" para muita gente. Louvável iniciativa! Brilhante em sua época!

Estas e outras iniciativas, mostraram que centralizar informações em um local seria uma coisa boa... Estava criada a TENDÊNCIA, que surge recheada de esforços (EX: OAI) que nos alavancaram a um patamar muito diferente do inicial. Centralizar não é mais um esforço hercúleo, dispensando inclusive a velha rotina de formatação e envio de registros que por oras apresentava obstáculos, passando a adotar um modelo de harvesting (coleta de dados) automático que propicia uma interoperabilidade magnífica entre bancos de dados.

Pois bem, esta semana li uma matéria sobre as pretensões do FACEBOOK em se tornar a própria internet (achamos a GANÂNCIA). Parece até um exagero, mas, em suma, é o que pretende a empresa de Zuckerberg ao investir todas suas fichas no esforço te formatar uma interface para sua rede social, que congregue todas as necessidades do usuário. Vale lembrar que o Google já tentou investir em algo parecido em 2009 com o GOOGLE WAVE, mas não deu muito certo.


Teve a sensação de que mudamos de assunto? Pois não! Ainda estamos falando da mesmíssima coisa.

Sei bem a diferença entre uma search direcionada a investigação científica e outra com fins recreativos. Acompanhem meu raciocínio:

Levando-se em conta a evolução do catálogos e demais recursos informacionais, quanto tempo você acha que falta para encontrar uma APP de sua biblioteca em redes sociais?



Nem preciso mencionar versão móvel de serviços online. Este me parece um assunto mais do que comum.

Sem a menor intenção de criar um tom revelador e muito menos profético neste texto, me arrisco a prever que nos próximos 5 anos irão surgir mini-aplicativos que poderão ser gratuitos ou pagos e, que viabilizarão a busca por artigos científicos direto no seu celular, ao mesmo tempo em que posta uma mensagem no twitter para compartilhar os resultados da busca.

É uma tendência sim e não temos como fugir disso. Precisamos nos adaptar e criar novos serviços.

As novas gerações de usuários que já nasceram conectadas à web já estão chegando às nossas unidades de informação, trazendo um caminhão de novas demandas e, sobretudo, eles possuem um comportamento de busca diferente daquele que praticávamos. Nem tente se iludir achando que conseguirá doutrinar a todos, obviamente, mais cedo ou mais tarde, os serviços seguirão a tendência criada por eles.

Não pretendo entrar no mérito da intenção da empresa X ou Y ao agregar recursos informacionais da internet, ninguém aqui é ingênuo, afinal informação é poder.

Quem trabalha com sistemas sabe do que estou falando, com este movimento de migração para a nuvem ficará ainda mais viável a acessibilidade de recursos em um só local. Pare para pensar sobre aquele usuário mais afoito, que poderá se deter a buscas apenas nos recursos disponíveis na interface que ele está acostumado, ou seja, poderá ficar restrito a pesquisar nas bases que disponibilizam APP's para o seu celular, causando uma distorção.

É preciso que estejamos alertas a esta maré informacional, pois podemos decidir seguir um rumo planejado, ser simplesmente levados ao prazer das ondas para destino incerto ou até mesmo sermos engolidos por ela.

Tudo está conectado!

Saberemos...

quarta-feira, 18 de janeiro de 2012

A INTERNET versus REGULAÇÃO

Após prazerosas e merecidas férias, cá estamos aqui de volta ao nosso espaço de discussão, mantendo a linha de abordagem a temas relevantes à área de Ciência da Informação. Não que eu não sinta falta da conectividade, mas também é muito bom ficar OFF durante um tempo... Faz bem e eu recomendo! 

Sem mais delongas, começamos por um assunto que não é nenhuma novidade, mas que ganhou as manchetes dos principais jornais do mundo: 
 - A REGULAMENTAÇÃO DA INTERNET 

O leitor mais afoito já deve ter esboçado um gesto indicativo de desinteresse pelo assunto dizendo: "Afinal o que eu tenho a ver com essa discussão dos Norte Americanos?"

Pois bem... sinto informar-lhe que eu, você e todo mundo tem muito a ver com isso. Leia e reflita:


Desconsiderando países onde não vigorem sistemas de governo plenamente democráticos, no geral, vislumbramos uma rede mundial de computadores livre e em franca expansão, tanto no que tange a conectividade quanto a produção e disponibilização de conteúdos. Fato este que é muito positivo pois agiliza as comunicações, dissemina a informação, etc...

Mas como na vida nem tudo são flores, toda esta virtualização de nossas vidas ocasionada pela conectividade diária à redes sociais, e-mails, e inúmeras aplicações de atualização online via internet acabou por transpor não apenas as boas relações entre pessoas, mas também más condutas e crimes em geral.

FATO: As relações de qualquer natureza, estabelecidas via internet, são ou deveriam ser semelhantes à vida real, aplicando as mesmas regras de bom senso e coerência. Contudo, o fato de haver uma tela e um teclado entre os interlocutores parece encorajar, mesmo ao mais tímido, à tomar atitudes de contravenção.

O que está acontecendo nos EUA deve sim ser observado com atenção por todos, afinal ninguém até hoje tentou colocar cercas nesta terra que até então parecia ser de ninguém e, podem apostar que o que for decidido por lá deverá ser refletido em outros países, incluindo o Brasil.

Obviamente boa parte da discussão gerada no congresso americano decorre da pressão de lobistas que representam os interesses de gigantes do ramo da música, filmes, etc... 

Ninguém é suficientemente ingênuo para pensar diferente, no entanto, o objetivo deste post é estimular a reflexão e chamar a atenção para alguns riscos de atitudes extremas.

A internet pode ser a melhor ou a pior coisa do mundo... Pode propiciar a interconexão global entre mais de 7 bilhões de pessoas ou ser uma fonte de crimes e contravenções. Tudo depende do uso!

Sim, eu acredito que devam ser criadas leis regulatórias e punitivas a infratores, mas NÃO gostaria de tornar a rede mundial algo parecido com uma repartição pública monitorada e cheia de regras que a engessam.

Fica aberto o espaço para a discussão...